"A pilhagem, a redução do espaço e o
esmagamento da natureza instintiva feminina... à semelhança da fauna silvestre
e das florestas virgens... seus refúgios destruídos e seus ciclos naturais
transformados à força em ritmos artificiais para agradar os outros".
Com esta introdução, Clarissa Pinkola
Estès (Mulheres que Correm com os Lobos) nos convida ao redescobrimento do
espaço do feminino, esmagado culturalmente nas mulheres e reprimido nos homens.
O processo de garimpo vem através do mundo
das histórias tradicionais cantadas, resgatadas em laborioso trabalho de
arqueologia cultural, depurados dos seus processos de degeneração
"purificadora" por motivos religiosos e patriarcais.*
Estas antigas histórias, geralmente
contadas pelas mulheres, são o roteiro da mina escondida que revelam pistas e
abrem portas secretas para o reencontro com a velha sabedoria que se perdeu e
transformou a mulher moderna, em um borrão de atividade.
A inquietante revelação guarda semelhança
com o registro feito em Brumas de Avalon, que narra o esmagamento da cultura
dos povos antigos, em que a intuição feminina, a magia e a alquimia tinham
centro, pela dominação patriarcal romana e religiosa...
Estes desvelamentos me encontraram em
tempos diferentes, de busca desta alma, em meio a lágrimas e intensidades e
talvez, possam despertar conectar outras mulheres e homens... através de
histórias, recantos e desacatos...
* Segundo Estés, no caso dos irmãos Grimm e
outros colecionadores de contos de fadas dos últimos séculos, existe forte
suspeita de que "purificavam" as histórias, cobrindo antigos símbolos
pagãos com outros cristãos; os elementos sexuais eram omitidos, encobrindo
mitos que explicavam mistérios antiquíssimos das mulheres. (p.31)
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