Tenho lido muita gente usar e abusar de palavras do vocabulário
marxista como "práxis", "correlação de forças" e
especialmente, "contradição" para fazer o contrário do que Marx
sugeriu: "interpretar a realidade, ao invés transforma-la".
A contradição - ideia-força- nesse discurso, é tomada de forma
idealista e estática.
Uma passinho a mais e passamos a dialogar com o funcionalismo
liberal: aquele que nos ensina que a sociedade é um sistema ( sistêmico é
também um novo bordão dos ministros!) e que tal como o corpo humano tem
disfunções ( os neomarxistas justificadores equivalem este termo à
contradição).
Para corrigir estas "disfunções" basta alguma alquimia
que reequilibre o sistema.
Na arquitetura política, que justifica o "Ministério da Governabilidade
tal como ela é", basta dosar um pouquinho de Katia Abreu, com uma
pitadinha de Patrus Ananias; um tiquinho de Berzoini com uma dose de Joaquim
Levy/BRADESCO; um fundamentalista religioso de cá e um representante das
minorias, de lá; meritocracia suavizada por Mangabeira Unger e "ajuste" nos
benefícios previdenciários defendido pelo Mercadante; Miguel Rosseto no diálogo
com os movimentos sociais e o filho de Jader Barbalho para os pescadores;
Jacques Wagner para adoçar os militares e Pepe Vargas para segurar o Congresso.
O problema é que contradição não é febre que se cura com
analgésico.
É estrutural de um sistema onde há antagonismos de interesses de classe e não,
cândidas diferenças- que podem ser salvas com "diálogo"! O nome disto
é conciliação.
Por isso, disputamos eleições e projetos. Caso contrário, um
algoritmo resolveria o problema da "unificação da Pátria".
Que alguns acabem por enganar-se porque nossa tradição
positivista é mais forte do que a crítica dialética, entendo.
Que outros, conscientemente, subvertam ideias de uma teoria que
conhecem, não dá para justificar.
A história da esquerda já testemunhou tais posturas e sabemos a
que elas serviram...
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