quinta-feira, 7 de maio de 2015

UM MARXISMO FUNCIONAL?


Tenho lido muita gente usar e abusar de palavras do vocabulário marxista como "práxis", "correlação de forças" e especialmente, "contradição" para fazer o contrário do que Marx sugeriu: "interpretar a realidade, ao invés transforma-la".
A contradição - ideia-força- nesse discurso, é tomada de forma idealista e estática.
Uma passinho a mais e passamos a dialogar com o funcionalismo liberal: aquele que nos ensina que a sociedade é um sistema ( sistêmico é também um novo bordão dos ministros!) e que tal como o corpo humano tem disfunções ( os neomarxistas justificadores equivalem este termo à contradição).
Para corrigir estas "disfunções" basta alguma alquimia que reequilibre o sistema.
Na arquitetura política, que justifica o "Ministério da Governabilidade tal como ela é", basta dosar um pouquinho de Katia Abreu, com uma pitadinha de Patrus Ananias; um tiquinho de Berzoini com uma dose de Joaquim Levy/BRADESCO; um fundamentalista religioso de cá e um representante das minorias, de lá; meritocracia suavizada por Mangabeira Unger e "ajuste" nos benefícios previdenciários defendido pelo Mercadante; Miguel Rosseto no diálogo com os movimentos sociais e o filho de Jader Barbalho para os pescadores; Jacques Wagner para adoçar os militares e Pepe Vargas para segurar o Congresso.
O problema é que contradição não é febre que se cura com analgésico.
É estrutural de um sistema onde há antagonismos de interesses de classe e não, cândidas diferenças- que podem ser salvas com "diálogo"! O nome disto é conciliação.
Por isso, disputamos eleições e projetos. Caso contrário, um algoritmo resolveria o problema da "unificação da Pátria".
Que alguns acabem por enganar-se porque nossa tradição positivista é mais forte do que a crítica dialética, entendo.
Que outros, conscientemente, subvertam ideias de uma teoria que conhecem, não dá para justificar.
A história da esquerda já testemunhou tais posturas e sabemos a que elas serviram...

Nenhum comentário:

Postar um comentário