sábado, 25 de abril de 2015

A NEGAÇÃO DA CRISE E A RIBALTA DE RENAN CALHEIROS

O anúncio tardio de que o Brasil vive uma crise econômica e necessita de Ajuste Fiscal, feito logo após as eleições – ainda que negado pelo governismo, durante toda a campanha eleitoral,  que preferiu adjetiva-la como alarmismo da Mídia -  tem produzido um roteiro momesmo na dramaturgia política.

Ao abortar a possibilidade de que o debate de saídas para a crise, já conhecida, fosse feito de forma aberta na campanha eleitoral e preferindo as vagas pregações do “nem que a vaca tussa” e “mudar para continuar avançando”, a campanha eleitoral da presidenta Dilma retirou o protagonismo do governo e abriu espaço para novos personagens que disputam a paternidade da saída para o país.

O Ajuste Fiscal, que corta de um lado só, idealizado pelo discípulo de Armínio Fraga, e defendido por Dilma e Lula, vem acompanhado de outra iniciativa mais aguda, que pode alterar estruturalmente o mundo do trabalho e do emprego: a terceirização das atividades-fim, aprovada na Câmara, com o apoio de parte da coalizão governista e a decisão do STF que estende esta precarização ao serviço público, com o voto majoritário dos Ministros escolhidos por Dilma e Lula.

Em meio à indefinição programática do governo eleito, Ministros de Estado, como Armando Monteiro (do PTB) e Jacques Wagner (do PT) saem em defesa da terceirização, buscando reduzir os custos da crise para o Capital, enquanto o BC garante os lucros do rentismo financeiro com a alta de juros ( também negada na campanha eleitoral).

Governadores e prefeitos aproveitam-se do clima de “contenção de gastos públicos” do Planalto para produzir arrochos, na esfera local.

Centrais sindicais e sindicatos retomam as mobilizações e greves e ganham como aliado Renan Calheiros, em discurso contundente contra a retirada de direitos, disposto a medir forças com Eduardo Cunha.

Oportunistas, gritam todos!

É verdade, mas é inegável que a porta desta “oportunidade” foi escancarada pela tibieza do governo, do qual, inclusive, fazem parte.

Foi assim quando o governo federal foi contrário aos 10% do PIB para a educação e depois, emendou-o com a destinação de recursos públicos para instituições privadas.

Parlamentares do DEM e do PSDB ocuparam o microfone para defender “10% do PIB para a educação pública”.

Ora, a oposição passou a defender bandeiras, que outrora não defendia e o governo a imitou, mudando a pauta, ou vice-versa?

Para os trabalhador@s  a questão crucial é quem apoiará seus direitos.

Em tempos de crise, defender virtude de sacrifício só de um lado, não é coragem, e sim, covardia e dissimulação.

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