O anúncio tardio de que o Brasil vive uma crise econômica e
necessita de Ajuste Fiscal, feito logo após as eleições – ainda que negado pelo
governismo, durante toda a campanha eleitoral, que preferiu adjetiva-la como alarmismo da
Mídia - tem produzido um roteiro momesmo
na dramaturgia política.
Ao abortar a possibilidade de que o debate de saídas para a crise,
já conhecida, fosse feito de forma aberta na campanha eleitoral e preferindo as
vagas pregações do “nem que a vaca tussa” e “mudar para continuar avançando”, a
campanha eleitoral da presidenta Dilma retirou o protagonismo do governo e
abriu espaço para novos personagens que disputam a paternidade da saída para o
país.
O Ajuste Fiscal, que corta de um lado só, idealizado pelo
discípulo de Armínio Fraga, e defendido por Dilma e Lula, vem acompanhado de outra
iniciativa mais aguda, que pode alterar estruturalmente o mundo do trabalho e
do emprego: a terceirização das atividades-fim, aprovada na Câmara, com o apoio
de parte da coalizão governista e a decisão do STF que estende esta
precarização ao serviço público, com o voto majoritário dos Ministros escolhidos
por Dilma e Lula.
Em meio à indefinição programática do governo eleito,
Ministros de Estado, como Armando Monteiro (do PTB) e Jacques Wagner (do PT)
saem em defesa da terceirização, buscando reduzir os custos da crise para o
Capital, enquanto o BC garante os lucros do rentismo financeiro com a alta de
juros ( também negada na campanha eleitoral).
Governadores e prefeitos aproveitam-se do clima de “contenção
de gastos públicos” do Planalto para produzir arrochos, na esfera local.
Centrais sindicais e sindicatos retomam as mobilizações e
greves e ganham como aliado Renan Calheiros, em discurso contundente contra a
retirada de direitos, disposto a medir forças com Eduardo Cunha.
Oportunistas, gritam todos!
É verdade, mas é inegável que a porta desta “oportunidade” foi
escancarada pela tibieza do governo, do qual, inclusive, fazem parte.
Foi assim quando o governo federal foi contrário aos 10% do
PIB para a educação e depois, emendou-o com a destinação de recursos públicos
para instituições privadas.
Parlamentares do DEM e do PSDB ocuparam o microfone para
defender “10% do PIB para a educação pública”.
Ora, a oposição passou a defender bandeiras, que outrora não
defendia e o governo a imitou, mudando a pauta, ou vice-versa?
Para os trabalhador@s
a questão crucial é quem apoiará seus direitos.
Em tempos de crise, defender virtude de sacrifício só de um
lado, não é coragem, e sim, covardia e dissimulação.
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